domingo, 21 de março de 2010
eu confio...Kerouac
vi uma reportagem sobre ele, e estou curiosa por ler o "On The Road"; livro que escreveu á mão em papel corrido;
chamaram-lhe louco, doente mental, o que é certo é que me podem chamar também a mim, eu detesto gente que boceja ao meu lado, quero muita coisa ao mesmo tempo, e só agora estou a recuperar aquele tempo perdido desde 2003...sim não estive louca para viver efuziva, mas estava louquissima para falar e finalmente (julgo eu) estou quase a salvo.
queimava, queimava, queimava, não com as tais fabulosas velas romanas explodindo como aranhas...não fiz nenhuma teia, mas olhava para as estrelas e pensava: vocês estão tão longe.mas todos os dias vocês existem..
não confiava, confio, confiarei...em mim!
segunda-feira, 15 de março de 2010
quarta-feira, 3 de março de 2010
imagens dos "dias do passado"
há uns dias recebi um texto do P.
perguntou-me se mo podia enviar, pois nunca o tinha mostrado a ninguem.
-sim, respondi, mas como já era tarde não o li com atenção mas reli-o.
disse-lhe: angustiante o texto. claro como a água. a vida não depende só de nós.
-a vida a dois...devia ser tão simples (seguido de um smile)
sim, P. sorri.
hoje pensei e propus-lhe postar o texto no blog.
-por acaso já tinha pensado nisso...quando fui espreitar o seu blog achei que não ficava descabido, disse-me.
Decidimos!
Tenho o direito de permanecer calado
e tudo o que diga poderá ser usado contra mim.
(Eis a regra suprema da honestidade.)
Sim, eu sei que sob um certo ponto de vista esta vida é temporária,
uma passagem para uma dimensão maior e definitiva.
E esforço-me por compreender que nenhuma destas pequenas coisas é realmente,
que os meus sentimentos são imperfeitos,
que o tempo dará a tudo uma dimensão mais vasta,
que somos demasiado pequenos em face de Deus e da Natureza e da Vida…
Tento ouvir com bonomia as (tuas) justificações quotidianas,
E muitas vezes penso que gostaria de vir a acreditar também nesse (teu) sonho,
Nessa ideia transversal e um pouco esquizofrénica
de que o casamento não é a vida concreta a dois mas sim algo interno a esse viver;
essa ideia de que o amor está lá mesmo quando não se vê,
e de que por dentro é que as coisas são;
um casamento que Deus uniu, e que por essa benção maior
Acreditar enfim na ideia de que o sofrimento terreno é inevitável, ou até mesmo necessário, mas de que nos amaremos para sempre no Paraíso.
No Paraíso…
(Não sei onde fica,
Uma vez fizeste-me promessas durante o dia,
e eu sonhei com essas promessas.
Outra vez fizeste-me promessas durante o dia,
e eu sofri com essas promessas.
Ainda outra vez me fizeste promessas durante o dia,
e eu não dormi a pensar nessas promessas.
Três vezes.
Uma vez disse-te que já não acreditava nas tuas promessas,
Outra vez te disse que já não acreditava nas tuas promessas,
Prometi então a mim próprio, e cumpri-lo-ei ainda que não cumpra mais nada na vida,
(Choras demasiado.)
Não.
Hoje não pode ser.
Não há tempo.
Não há disponibilidade.
Não há sossego.
Não há ambiente.
Não há aquecimento central.
Não é adequado.
Não estava previsto.
Não convém.
Não contava.
Não…
A não ser que queiras muito, claro…
Que queira muito…
Tenho dormido mal.
Quando nos deitamos, tenho vontade de te amar
Calo-me à espera que cumpras o que prometeste durante o dia,
calo-me ao sentir o teu sono e o teu cansaço,
calo-me ao ouvir-te dizer querido até amanhã,
calo-me por não te querer forçar,
calo-me porque queria que fosses tu a vir até mim,
calo-me porque o meu amor-próprio não me deixa implorar-te.
Depois tento dormir.
Às vezes consigo, às vezes não.
Às vezes tenho vontade de te abanar e de te gritar que eu não mereço o teu sono e o teu cansaço.
(Mas isso seria tão egoísta, não é verdade?)
Por vezes tenho vontade de te despir sem aviso e de te amar mesmo sem tu quereres,
Porque o que eu quero não é ter prazer,
E após dias, semanas e anos de sucessivas desilusões,
Continuo sempre com a esperança de que seja esta a noite.
E, no fim de contas, o que nos resta?
Um nome que nos veste,
Uma máscara que se nos adaptou,
Três amigos que se mantêm verdadeiros, disponíveis e fiéis
E a vontade crescente de abandonar tudo e recomeçar.
Mas abandonar tudo sem amargura,
Sem pena, sem zanga, sem barulho
Partir docemente ao volante da nossa vontade
E seguir pela estrada simples do futuro
Com a esperança de que nos esqueçam rapidamente e sem dor.
Foi demasiado tempo a viver na duplicidade de um discurso para fora e de um pensamento para dentro
Foi demasiado esforço na procura da comunhão impossível,
Foram muitas fases boas e muitas fases menos boas
Foram dias e dias e dias seguidos de chuva fina,
Irritantemente fina, delicada e cerimoniosa,
Desesperadamente elegante e maçadora,
Insistentemente razoável e necessária, a chuva…
Estou cansado da memória desses dias
(dias bons, muitos deles…),
Dias do passado.
(© este texto tem reservados direitos de cópia)
terça-feira, 2 de março de 2010
reflexo da dôr
